Ao longo da semana estava desenvolvendo a minha análise sobre o tão propalado caso da menina da Uniban. A Instituição não havia até então se manifestado. Para mim esse silêncio valia ouro. Até porque não há o que se falar. Uma vez a aluna dentro do campus, a responsabilidade passa a ser da Instituição.
Imaginei, pela perspectiva do marketing, que apesar de ser uma Universidade, algumas regras do 'livre mercado' e do bom senso prevaleceriam - daí que fiz uma postagem por essa ótica, em outro espaço. Veja
aqui. Sob o título Ardil, enfatizei que a Uniban estava na situação do 'se correr o bicho pega, se ficar parado o bicho come'. E defendia um posicionamento de distância e silêncio.
No fim de semana fomos surpreendidos. Inicialmente os sites noticiosos antecipavam o teor do 'informe publicitário' a ser veiculado nos jornais de domingo de grande circulação - com o posicionamento oficial da entidade, expulsando a aluna Geysa e tomando outras medidas de lado estético. Em seguida vieram as reações. Os twitteiros criaram um
tag específico (#unibanfacts) onde concentraram as ironias e piadas. O volume de
micro posts crescia ao longo do dia. E novamente caia o assunto na mídia televisiva.
Voltemos para os aspectos da Educação e do Ensino para elaborarmos algumas lições - são pílulas para reflexão e debate:
1. A Uniban deu mostras claras de que não está preparada para entender, analisar e processar o que se passa na Web. As repercussões na internet foram o segundo estopim. E o terceiro foi a grande mídia. A famosa frase: "A revolução não será televisionada" pode muito bem ser aplicada a esse caso. Antes de chegar na televisão - a revolução já havia acontecido.
2. Os participantes ativos da confusão são
Nativos Digitais. A
força de expressão, o
comportamento temporário e as
múltiplas identidades são alguns dos fatores que provocam essa explosão. Pouco se falou disso. Generalizações banais e reducionismos simplórios. Há que se considerar também o que é
ação coletiva e
densidade social. Sobre esses sub-tópicos eu havia falado na quinta-feira passada num evento fechado. E usei - para surpresa dos presentes - o "Case Uniban" como ilustração. Os colunistas e analistas de plantão também não trouxeram uma reflexão mais aprofundada.
3. Há nesse contexto uma oportunidade e uma demanda. Esperemos que outros tomem iniciativa nessa direção. A oportunidade está em se focar na construção e nos propósitos da coletividade educacional. Professores e educadores - mesmo no nível universitário - devem lançar mão dessa capacidade inerente que está nos seus alunos e criar através de desafios interessantes projetos conectados à sua formação ou com desdobramento nela, mesmo que envolva questões políitcas ou sociais. A demanda é o da ociosidade. Aparentemente a grande maioria é provocada para coisas destrutivas. Minha avó já falava: "cabeça vazia é oficina do diabo." Ter deixado os alunos com a mente flácida ao longo do último bimestre, permitiu provocações outras e envolvimentos outros.
4. Há um grande potencial de produção (individual e coletiva) que deságua em novas formas de expressão. Há uma capacidade nova - escondida e não percebida pelos mais velhos (professores, educadores, decisores, chefes, patrões, gerentes). Há um forte ímpeto por descoberta, inovação e para aceitação de desafios. E esses Nativos Digitais estão a postos.
Então - o que vamos fazer diante desse novo quadro de fatores? Abraçar as oportunidades para fazer algo realmente diferente ou correr o risco ao se manter as mentes flácidas?